Os Quatro Amores | C. S. Lewis

De modo brilhante e original que podemos perceber no intelecto do autor, entendemos de forma clara o que ele chama de amor-doação e o amor-necessidade, sendo o primeiro, algo que parte de um ser - o doador - com o exemplo típico do “que leva um homem a trabalhar, planeja e economizar pelo bem-estar futuro de sua família”; e o último aquele amor que leva a pessoa a buscar o outro como que busca algo para a vida indefesa e carente. Essa, como cita em sua introdução, foi a primeira distinção. Mas é importante ressaltar que o Amor doação é característico de Deus, e tem em sua distinção, o amor ágape, do grego, a caridade, e Ele é o verdadeiro e primeiro doador; nem podemos pensar que o amor necessidade é puro egoísmo, mas isso é o que Lewis discorre em seus ótimos capítulos sobre o amor Eros; Philia (afeição); e Storge (amizade).

O autor faz uma comparação entre eles e ressalta que estão necessariamente ligados entre si na qualidade da vida crista; o Amor no geral é uma semelhança a Deus, concedida por ele, e não se transforma (ou não deve se transformar) em idolatria. Explorando cada natureza dos amores, nos prazeres, nos interesses por coisas; uma preciosa leitura que nos enriquece na vida cristã, e mesmo para os que não são cristãos, uma boa distinção sobre como conhecemos esse sentimento, de certa forma misterioso, da vida humana.

“Todo cristão concordaria que a saúde espiritual de u homem é exatamente proporcional a seu amor por Deus. Mas, por sua própria natureza, o amor do homem por Deus sempre deve ser, em grade parte - inteiramente, em muitos casos -, um amor-necessidade. Isso é evidente quando imploramos o perdão de nossos pecados ou auxílio em nossas tribulações. A longo prazo, é talvez ainda mais claro em nossa consciência crescente - pois é necessariamente crescente - de que todo o nosso ser, por sua própria natureza, é uma grade carência: incompleto preparatório, vazio e ao mesmo tempo desordenado, clamando por Aquele que é capaz de desatar os nós e atar o que estiver em dispersão.” (Introdução; p.4)